Civilidade em casa

A civilidade em casa é a mais importante de todas porque, geralmente falando, a educação que a gente mostra na rua, no colégio, nas viagens, nas diversões, nos hotéis, nas visitas, etc., etc., é o reflexo e o espelho fiel da educação recebida em casa. Por isso, eis o ABC desta formação caseira, indispensável:

1 - Acostumar os filhos a não responder aos pais, às pessoas mais idosas, ou de autoridade: mestres, patrões.

2 - Hoje em dia, os tapas e a vara de marmelo são substituídas por beijinhos e mil vontades. É a criança que manda. Daí vemos o mundo de pernas pelos ares. Sob pretexto de auto-educação, não se dá educação alguma.

3 - Acostumar as crianças ao asseio, à economia, ao horário, à pontualidade.

4 - Ensinar-lhes como proceder à mesa, tanto em casa como nas visitas.

5 - Péssimo costume, muito em voga no interior, é cada qual ir almoçando ou jantando, sem esperar pelos outros, sem horário, sem reuniões de família, como acontece também nas grandes cidades. Esta é uma das falhas mais desastrosas e desleixadas da moderna educação. 

6 - Ensinar como se tosse, como se espirra, como se usa o lenço, uma privada, etc.

7 - Exigir horário para se deitar e se levantar conforme idade, sexo, ocupações e saúde. Este ponto fraco é também de lamentáveis consequências para a formação e educação dos filhos. E sua observância concorre muitíssimo para dar personalidade, caráter, método, energia e estima do tempo. O maior mal do Brasil é a vadiação, resultado desta falha.

8 - Acostumar as crianças e os jovens a tratar com o sexo oposto, de modo a evitar dois extremos: Muita liberdade e desenvoltura perigosa; ou então, muito acanhamento acaipirado.

9 - Toda a nossa vida corre sempre entre estes dois abismos, um a direita, outro à esquerda. São os extremos. E toda a nossa sabedoria, toda a nossa arte, todo o nosso mérito e heroísmo consiste em saber caminhar no meio.

10 - Acostumar as crianças a comer de tudo, a não fazer manhas, a não exigir, a não mandar, a não gritar, quando pedem alguma coisa.

11 - Evitar as brigas e discussões caseiras diante das crianças. Nada mais concorre para os pais e irmão perderem a autoridade.

12 - Mesma coisa se diga das palavras feias e inconvenientes, das blasfêmias ou xingatórios. Ainda, a mesma coisa referente às imprecações contra os animais e as pessoas, coisa esta muito em voga no interior: "raio te parta", "vá pro inferno maldito", "peste, coisa ruim, excomungado", "diabo que te carregue", etc.

13 - Acostumar as crianças desde cedo ao trabalho, a não ficar à toa, porque a vadiação acarreta todos os demais vícios, entre os quais, a incompetência, isto é, não saber ofício algum.

14 - No ponto de vista financeiro, devem também formar os filhos, até os criados e empregados ao controle de seus ganhos, a orientar-se nas lides pela vida. O que será nossa Pátria se cada um de nós for um fósforo apagado?